BIXIGA: UMA BELA VISTA

 

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O bairro do Bixiga, localizado na região da Bela Vista, nasceu por volta de 1870, quando Antônio José Leite Braga resolveu lotear parte de sua chácara. O local foi, então, povoado por imigrantes italianos recém-chegados ao Brasil e o bairro assumiu as características de seus moradores, que mantiveram vivas a tradição e a religiosidade.

Semelhante às aldeias da Itália, o Bixiga tem ruas estreitas e ladeiras, onde se instalaram aos poucos cantinas, quitandas, sapatarias e lojas de artesanato.

Hoje, o Bixiga é reduto de intelectuais, artistas, amantes de cultura e gastronomia. Foi ali que o industrial italiano Franco Zampari fundou o extinto Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), por onde passaram Cacilda Becker, Paulo Autran e Sérgio Cardoso, que empresta o nome a um dos mais importantes teatros da cidade, instalado… no Bixiga! Outros badalados teatros estão no entorno, como o Abril, o Brigadeiro, o Bibi Ferreira, o Ruth Escobar e o Cultura Artística.

Complementam a esfera cultural do Bixiga o Museu dos Óculos Gioconda Giannini e a Feira de Antiguidades da Praça Dom Orione, esta última com cerca de 300 barracas que dispõem de artigos diversos, obras de arte, comida e outras curiosidades. A bela Escadaria do Bixiga une a parte alta do bairro, na rua dos Ingleses, à parte baixa, na rua Treze de Maio, e dá acesso ao polo cultural de um lado e às cantinas e à feira do outro.

Eventos culturais, exposições, cursos e oficinas são atrações do Centro de Preservação Cultural (CPC) da Universidade de São Paulo, localizado na chácara urbana Casa de Dona Yayá, na rua Major Diogo. Aos domingos, há apresentações de coral, cantigas de roda, musicais, circo e teatro.

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Monumentais, os Arcos da Rua Jandaia sobre a Avenida 23 de Maio foram descobertos pela Prefeitura de São Paulo após uma demolição e estima-se que sua construção data do século 19. Outro item do patrimônio histórico da cidade, a Vila Itororó, chama atenção por seu conjunto arquitetônico peculiar, entre as ruas Martiniano de Carvalho, Monsenhor Passalaqua, Maestro Cardim e Pedroso. Foi construída entre 1922 e 1929 para uso público e hoje o aglomerado de casas que abriga 80 famílias divide espaço com a intensa atividade artística.

No Bixiga também estão instaladas a sede da tradicional escola de samba Vai-Vai e a Igreja Nossa Senhora Achiropita, santa homenageada todo mês de agosto com a festa gastronômica e beneficente nas ruas do bairro. Na rua Conselheiro Carrão, casinhas acabam de ter suas fachadas revitalizadas. Coloridas em tons vibrantes e alegres, o projeto tem o objetivo de transformar o Bixiga no “Caminito brasileiro”, fazendo referência ao famoso ponto do bairro portenho de La Boca, na Argentina. Foram 20 os imóveis que ganharam “cara nova”, entre cantinas, uma creche e o antigo Teatro Zácaro.

No meio de tanta agitação espalham-se padarias, pizzarias e cantinas, como a C…Que Sabe!, na rua Rui Barbosa. No ambiente acolhedor, famílias falam e gesticulam animadamente enquanto saboreiam deliciosos pratos típicos ao som de um trio musical que passa de mesa em mesa apresentando canções italianas, incluindo a tarantela. Para completar, garçons derrubam as bandejas, causando um grande alvoroço genuinamente italiano. Conheça ainda a tradicional pizzaria Speranza, na rua Treze de Maio, que, desde 1958, conserva as velhas receitas de pizzas e massas, serve bons vinhos e ainda oferece saborosos e requisitados pães de linguiça.

No rol dos pães, as pequeninas e imortais padarias em nada se assemelham às modernas panificadoras. Possuem, em sua maioria, aspecto rústico, atendimento intimista e receitas de família. A Basilicata assa seus pães em forno a lenha, enquanto a São Domingos e a 14 de Julho oferecem deliciosos antepastos. A Italianinha, localizada dentro do Teatro Sérgio Cardoso, é a mais antiga do bairro. Dentre as guloseimas estão o pão de linguiça com provolone e o tentador catanelli – um tubinho recheado com creme de nozes, avelãs e amêndoas.

 

 

HISTÓRIA DO BAIRRO

Assim chamado a partir de 1.792, se compunha do Largo do Bexiga, que em 1.865 passou a chamar-se Largo Riachuelo (hoje é a Praça das Bandeiras) e do Largo do Piques, hoje Largo da Memória. O antigo bairro do Bexiga começou a desaparecer, logo após o surgimento do novo Bairro do Bixiga e esse pedaço praticamente se deteriorou como comunidade e hoje é apenas local de intenso tráfego, com estacionamento de ônibus, passarelas e estação do metrô. O único vestígio é a Pirâmide do Piques, ou Obelisco da Memória, que se localiza no antigo Largo do Piques, hoje Largo da Memória.

CHÁCARA DO BIXIGA:

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Era mata cerrada não só em 1.559, quando ainda Sesmaria do Capão, registrada em seu próprio nome por Antônio Pinto, tabelião de Santos, mas também em 1.794, quando foi vendida pelo Capitão Melchior já com o nome de Chácara do Bexiga. Inclusive no decorrer do Século XIX, a Chácara do Bexiga era mata e quase impenetrável .

 

NOVO BAIRRO DO BIXIGA:

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O primeiro registro de ocupação da área é de 1559, como Sítio do Capão, de propriedade do português Antônio Pinto, e mais tarde passou a chamar-se Chácara das Jabuticabeiras, por causa do alto número de árvores dessa espécie. Nos anos 1820 um homem conhecido como Antônio Bexiga, por causa de suas cicatrizes de varíola (popularmente conhecida como “bexiga”), comprou as terras, o que é a explicação para o nome do bairro.

Por volta de 1870 Antônio José Leite Braga decidiu lotear parte de sua “Chácara do Bexiga”. O loteamento já estava anunciado em 23 de junho de 1878 e foi inaugurado em 1 de outubro do mesmo ano, com a presença do imperador Pedro II, lançando a pedra fundamental de um hospital que, no entanto, jamais foi construído. Lotes pequenos e baratos interessaram aos imigrantes italianos, pobres e recém-chegados ao Brasil, a maior parte deles vindos da Calábria, que não se interessavam por dirigir-se aos cafezais do interior do estado .

Com o intuito de afastar o sentido pejorativo do apelido dado ao bairro, seus moradores passaram a mudar a grafia de Bexiga para Bixiga. Outra explicação para a grafia seria uma adaptação ao jeito coloquial de se falar.

No começo do século 20, o bairro iniciou com seu status de reduto da boemia paulista ao receber diversos teatros (como o Oficina, Maria della Costa e Sérgio Cardoso) e os amantes do samba, que tiveram como ícone local, Adoniran Barbosa.